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Mirando o governo em 2022, Clécio quer entregar a PMM aos antigos adversários, apoiados por Bolsonaro e Waldez

A expressão "entregar os anéis para salvar os dedos" se encaixa perfeitamente no processo de formatação da sucessão do prefeito Clécio Luis, que nas pesquisas de opinião de consumo dos partidos, pode ser o divisor de águas e o principal protagonista da disputa eleitoral de 2020 em Macapá com reflexos diretos na corrida para o Palácio do Setentrião em 2022.

O prefeito é um dos políticos mais bem avaliados diante do cenário político de terra arrada na imagem dos políticos que estão no poder na atualidade. O projeto de governos progressistas do grupo Clécio-Randolfe, ou o ciclo de Clécio Luís (REDE) na prefeitura de Macapá, poderá ser encerrado com o atual prefeito, cuja trajetória foi de ruptura com o PT em 2005, dando uma guinada à esquerda ao se filiar no PSOL, ainda como vereador e depois migrar para a Rede na sua reeleição, deve ser completado com oito anos de um governo de traços progressistas, mas com o triste fim para o campo progressista e de esquerda, já que Clécio ao ceder às pressões de aliados da centro-direita capitaneados porv Davi Alcolumbre (DEM), pode entregar as chaves da cidade da primeira administração de uma capital por seu partido ao mesmo grupo político que ele mesmo derrotou no passado.

Clécio passou a integrar organicamente o grupo do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM), aparentemente em troca de apoio para que ele concorra ao governo do Estado em 2022. Os dois estão unidos no apoio à candidatura do irmão de Davi, Josiel Alcolumbre (DEM) para o comando da capital amapaense. 

Compõe também esse campo político o ex-prefeito derrotado por Clécio, Roberto Góes (hoje no DEM) e o PDT, partido que governa o estado do Amapá há 4 mandatos com Waldez Goes, (ambos presos pela Polícia Federal na Operação Mãos Limpas) numa ampla aliança com partidos de direita e até mesmo base do bolsonarismo no Amapá, que Clécio combateu nos últimos anos e que lhe credenciou a angariar o apoio de setores progressistas e de esquerda contra setores conservadores e atrasados nas suas duas vitórias na capital.

O grupo de Davi, Waldez, Roberto e Josiel chegou a ficar conhecido, juntamente com outros partidos de direita, como "Harmonia". Este grupo durante anos foi a base de sustentação política do ex-senador José Sarney (PMDB), que durante 24 anos ditou os rumos do atraso no Amapá, hoje sob a égide de outras lideranças como o atual governador Waldez Góes.

Ao decidir por ingressar no campo político que enfrentou ao longo de sua trajetória, Clécio deixa de lado aliados históricos e amigos pessoais, como o senador Randolfe Rodrigues e o ex-secretário de Educação do Amapá e advogado Rubem Bemerguy, ambos seus companheiros políticos por quase trinta anos. Rubem é também o pré-candidato da Rede para a prefeitura.

Mais do que pode parecer uma simples recomposição de forças na política amapaense, a decisão do atual prefeito leva o patrimônio construído em sua gestão para o lado de algo além da velha política local. Leva o lastro político conquistado ao campo do bolsonarismo.

São hoje Davi e o DEM os caminhos pelos quais passam as relações com o governo federal no Amapá. Tanto é fato que o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, envolvido no esquema de rachadinhas, declarou apoio ao irmão de Davi, Josiel Alcolumbre. O apoio demonstra que Clécio poderá dividir o mesmo palanque ao lado de Bolsonaro, Waldez e toda a velharada política atrasada do Amapá, além do principal representante do discurso de ódio do neofascismo no país, segundo avaliam intelectuais e as principais lideranças de esquerda do país.

O afastamento do prefeito dos outrora aliados de primeira hora ocorre também ao mesmo tempo em que a prefeitura passar a ser alvo de operações da Polícia Federal, como a que investiga irregularidades na área da saúde, mais especificamente no combate ao COVID-19. Outro fato recente de grande repercussão foi a reportagem do jornalista Roberto Cabrini em Macapá, durante a pandemia e que parece ter desgastado a imagem do gestor.

Ao fim, a pragmática escolha de Clécio para sua sucessão, parece também, aos poucos mas de forma perceptível, mudando a imagem do que outrora foi um exemplo de boa gestão.




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