A recente filiação de Kamile Almeida ao Podemos — partido liderado no Amapá pela médica Rayssa Furlan, esposa do prefeito de Macapá, Antônio Furlan — está sendo vista por analistas como um movimento político estratégico, carregado de simbolismo e recados.
Kamile é irmã do prefeito cassado de Oiapoque, Breno Almeida (PP), que perdeu o mandato por decisão da Justiça Eleitoral, sob acusação de abuso de poder político e econômico nas eleições de 2024. A cassação abriu caminho para a possibilidade de novas eleições no município, e a movimentação de Kamile já é lida como prenúncio de sua possível candidatura.
Resposta política ou recalibragem estratégica?
Nos bastidores, há quem diga que a filiação de Kamile ao grupo Furlan é uma resposta direta ao processo de cassação do irmão, atribuído por aliados a uma articulação política patrocinada pelo PDT, partido do deputado estadual Delegado Inácio. O parlamentar, ligado ao ministro Waldez Góes, é apontado como o principal interessado na queda de Breno, já que almeja disputar a Prefeitura de Oiapoque em eventual nova eleição.
A tensão teria provocado uma fissural levantou questionamentos sobre um possível racha no grupo de apoio ao governador Clécio Luís em Oiapoque. A família Almeida é dividida no município. O prefeito diz que é aliado do governador Clécio e segue com ele e o senador Davi Alcolumbre, enquanto a irmã se afastou da base governista e se alinhou à oposição liderada por Furlan.
Prefeitura ou Assembleia?
Kamile ainda não anunciou oficialmente se concorrerá nas eleições suplementares, caso elas se confirmem, ou se mira uma vaga na Assembleia Legislativa em 2026. No entanto, a especulação é forte de que ela deve disputar a Prefeitura para tentar manter o controle político da família em Oiapoque e enfrentar o possível nome do PDT.
Caso escolha o caminho da disputa proporcional em 2026, analistas avaliam que Kamile pode acabar sendo usada como "bucha de canhão" no projeto do Podemos — fortalecendo a chapa com votos do interior para viabilizar a eleição de candidatos da capital, que contam com o apoio da máquina da Prefeitura de Macapá.
Enquanto isso, o cenário em Oiapoque segue em ebulição, com alianças se redesenhando e grupos políticos se preparando para um novo embate nas urnas.