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Folha diz que emendas no valor de R$ 3 milhões, repassados ao Inorte pelo GEA e PMS possuem indícios de irregularidades

Folha diz que emendas no valor de R$ 3 milhões, repassados ao Inorte pelo GEA e PMS possuem indícios de irregularidades Cras eget sem nec dui volutpat ultrices.

ONG com R$ 3 milhões em emendas de Alcolumbre e Randolfe tem indícios de irregularidades

Controladoria identificou sinais de sobrepreço e problemas na prestação de contas; senadores dizem não ter relação com entidade

Constança Rezende

Emendas "Pix" dos senadores Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) e Randolfe Rodrigues (PT-AP) que somam R$ 3 milhões beneficiaram uma ONG do Amapá que entrou no foco da CGU (Controladoria-Geral da União) sob suspeita de sobrepreço e de falta de transparência e critérios para a sua escolha.

A entidade promoveu festivais em cidades do estado divulgados pelos dois parlamentares desde o ano passado. Segundo a Controladoria, a instituição não tinha capacidade técnica para executar os serviços.

Os recursos foram repassados à Prefeitura de Santana (AP) e ao governo do estado e, por estes, ao Inorte (Instituto de Gestão em Desenvolvimento Social e Urbano). Os senadores dizem não conhecer a ONG e afirmam que repassaram as verbas às administrações públicas, sem direcionamento.

Randolfe Rodrigues (PT-AP) conversa com Davi Alcolumbre (União-AP) no plenário do Senado - Marcos Oliveira - 22.mai.19/Agência Senado

Quando foi aberta em 2005, e antes de fazer esses festivais, a Inorte funcionava como associação de empreendedores evangélicos e prestava serviços de assistência a crianças e adolescentes.

Em 2021, o CNPJ passou por uma reformulação e ganhou novos nomes, donos, endereço e funções. Hoje, lista 20 atividades econômicas no seu cadastro na Receita Federal, como comércio varejista de livros, produção de filmes para publicidade, produção cinematográfica e aluguel de equipamentos recreativos e esportivos, palcos e coberturas.

A CGU identificou irregularidades na execução de cerca de R$ 850 mil em emendas de Randolfe pela Inorte. As verbas foram repassadas ao Governo do Amapá para realizar, neste ano, o 79º aniversário da cidade de Oiapoque e a Festa de São Tiago, no município de Mazagão. O governador Clécio Luís (Solidariedade) é aliado de Randolfe e tem defendido o uso de emendas.

Segundo a Controladoria, a seleção da ONG, feita sem chamamento público e concorrência, foi irregular, já que outras instituições poderiam realizar o serviço.

A Controladoria também afirmou que a ONG terceirizou todas as suas entregas no evento e que uma das empresas subcontratadas pertence ao diretor financeiro da instituição.

Além disso, o escritório que prestou serviços de advocacia à organização foi aberto com o número de telefone da entidade e é de uma advogada que já prestava serviços a ela.

A CGU identificou 194% de sobrepreço na contratação de serviços de conteúdo intelectual, com "expressivas variações" em serviços jurídicos e gestão do projeto e plano de trabalho.

De acordo com a Controladoria, os achados representam um grande risco de lesão ao erário, uma vez que as empresas contratadas têm elos com pessoas que possuem vínculos profissionais com a Inorte.

Peça publiciátária de festival feito pela Inorte com nome de Randolfe como apoiador. - Instagram Inorte

Nos perfis em redes sociais da entidade, há vídeo com entrevista, fotos e o nome de Randolfe divulgado em publicações sobre esses eventos. Ele também posou em uma fotografia com funcionários da ONG em visita ao Congresso Nacional, em Brasília, em setembro do ano passado.

Por meio de sua assessoria, o senador reafirmou que não tem relação com o Instituto Inorte e disse que as festas mencionadas são públicas e que é de conhecimento geral que participa de uma série de eventos públicos e tira fotos diversas com as pessoas.

Randolfe também afirmou que a CGU não indicou ilícitos na execução de emendas especificamente em relação ao seu gabinete, mas sim fatos ligados à gestão de recursos do estado e municípios e da organização não governamental.

No final do ano passado, a Inorte recebeu R$ 1,2 milhão da Prefeitura de Santana, com recursos da emendas de Alcolumbre para realizar o evento Viva Santana 2023, entre novembro e dezembro, com apresentação gospel, coral, evento gastronômico e feira tecnológica.

Segundo a CGU, o município não cumpriu o prazo para que instituições interessadas em executar o projeto pudessem apresentar as suas propostas, o que prejudicou a competição, e que a Inorte forneceu a sua prestação de contas do evento de forma incompleta.

O mesmo foi dito sobre a execução de outra emenda de Alcolumbre, de cerca de R$ 1 milhão, para a Inorte executar o festival de verão da cidade.

O senador disse, por meio de sua assessoria, que, conforme estabelecido pela Constituição, "nunca destinou emenda de transferência especial para institutos ou ONGs" e sim para o Governo do Amapá ou para prefeituras, conforme previsto na legislação.

Também declarou que os municípios e o governo beneficiados por essas emendas são responsáveis legalmente por informar sobre a gestão dos recursos.

Já o Inorte respondeu, por meio do advogado Hercílio Aquino, que a região amazônica, onde o Amapá se situa, apresenta desafios logísticos e operacionais que impactam diretamente os custos das contratações, especialmente na área cultural.

Além disso, afirmou que todas as metas estabelecidas foram exaustivamente comprovadas em relatório final no processo e que a contratação de diretores ou pessoas ligadas ao quadro superior da organização "se torna necessária para suprir a demanda operacional, sem a necessidade de ampliar o quadro com novos colaboradores externos".

A Prefeitura de Santana disse que todas as entidades foram selecionadas por chamada pública amplamente divulgada e que os recursos são aplicados de acordo com o planejamento elaborado pela gestão. O Governo do Amapá não respondeu aos questionamentos da reportagem.

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